Algumas
descobertas científicas, constataram que o código do talento está relacionado a
um isolante neural, denominado mielina. “Toda habilidade humana é criada por
cadeias de fibras nervosas que transmitem um minúsculo impulso elétrico”(COYLE,
2010, pág. 15). A mielina reveste as fibras nervosas, tornando o sinal mais
forte, mais rápido e preciso, impedindo que os impulsos elétricos extravasem. Sua
importância se dá, pelos seguintes fatores:
-
É
universal, todos podem desenvolvê-la;
-
De
forma mais rápida na infância, mas pode ser ao longo da vida também;
-
Seu
crescimento viabiliza todo tipo de habilidade, física ou mental;
-
É
imperceptível, não é possível vê-la ou sentí-la.
Esse código do talento
possui três elementos fundamentais:
- Treinamento profundo: o esforço realizado na direção de certo objetivo, no limite da sua habilidade e que cometa erros, torna-o mais inteligente. Desacelerar – Cometer Erros – Corrigir. A prática é mais importante que o talento e toma os erros (que tentamos evitar) e os transforma em habilidade;
- Ignição: motivação, energia, paixão e compromisso. A ignição e o treinamento profundo associam-se para produzir a habilidade. A ignição dá energia e o treinamento profundo traduz essa energia, ao longo do tempo, num progresso gradual, ou seja, em camadas de mielina. “…a ignição é um processo que envolve o conjunto de sinais e as forças sub-conscientes que criam nossa identidade, os momentos que nos levam a dizer: “é isso o que quero ser” (COYLE, 2010, pág. 121);
- Orientação de um grande treinador: apresentando as seguintes características:
-
Temperamento mais contido, reservado;
-
Mais velhos, davam
aulas há trinta ou quarenta anos;
-
Olhar firme, profundo, imperturbável;
-
Ouviam muito mais do
que falavam;
- Passava a maior parte
do tempo realizando pequenos ajustes, objetivos e muito específicos;
-
Muito perceptivos em
relação a quem estavam ensinando, adaptavam as mensagens à personalidade do
aluno;
-
São realistas e disciplinados;
- Tem muito conhecimento
que aplicam ao trabalho constante e progressivo de formação dos circuitos de
uma habilidade.
As
fábricas de talento utilizavam uma linguagem que afirmava o valor do esforço e
do progresso lento, ao invés de prezar o
talento inato ou a inteligência. A linguagem que valoriza o esforço surte
efeito porque fala direto ao cerne da experiência de aprendizagem, e no caso de
ignição, não há nada mais poderoso.
O esporte no Brasil hoje,
considerando desde a formação de atletas, das categorias de base até o
profissional, seja em qual modalidade for, estariam munidas de profissionais
competentes e mais do que isso que apliquem esse tipo de conhecimento? As
modalidades esportivas, individuais ou coletivas, apresentam equipes multi e
interdisciplinares, que trabalhem unindo forças, conhecimento, habilidade e
atitude no sentido de desenvolver esses elementos, que parecem ser essenciais,
do código do talento? Não vamos ignorar que alguns atletas e/ou equipes
beneficiam-se de um trabalho neste sentido, porém ainda, infelizmente, estes são exceção e não a regra.
No entanto, parece-me que
para um país que almeja ser uma potência olímpica e que será sede das próximas
Olimpíadas, objetivando estar entre os 10 mais do mundo, estamos muito aquém,
no que diz respeito, a desenvolver talentos e aprimorá-los de forma contínua! Potenciais
humanos têm de sobra para selecionar e desenvolver, precisamos nos estruturar
melhor, em vários aspectos, como: político, financeiro, pessoal e
organizacional (clubes e entidades esportivas). Alguns atletas e ex-atletas
brasileiros já vêm se mobilizando no sentido de melhorar as condições de
trabalho e estrutura no esporte, com dois movimentos intitulados: Atletas pelo Brasil e Bom Senso F.C, gerando ganhos
significativos para todos os profissionais envolvidos no meio. Que continuemos
nesse caminho!
Fonte: COYLE, D. O código do talento. Rio de Janeiro:
Agir, 2010.