terça-feira, 28 de novembro de 2017

Crianças com maior Aptidão Física possuem um melhor Desempenho Acadêmico!



         Pesquisadores da Universidade de Granada, provaram pela primeira vez na história, que a aptidão física em crianças pode afetar sua estrutura cerebral, o que por sua vez, pode ter influência no seu desempenho acadêmico. Mais especificamente, os pesquisadores confirmaram que a aptidão física em crianças (especialmente, a capacidade aeróbica e a habilidade motora) está associada a um volume maior de matéria cinzenta em várias regiões cerebrais corticais e subcorticais. Em particular, a capacidade aeróbica tem sido associada em maior volume de matéria cinza em regiões frontais (córtex pré-motor e córtex motor suplementar), regiões subcorticais (hipocampo e núcleo caudado), regiões temporais (giro temporal inferior e giro parahipocampal) e córtex de calcarina. Todas essas regiões são importantes para a função executiva, bem como para processos de aprendizado, motor e visual.

Este estudo foi publicado no Neuroimage Journal  e faz parte do projeto ActiveBrains que é um ensaio clínico randomizado que envolve mais de cem crianças com sobrepeso/obesidade liderado por Francisco Ortega. Este projeto está sendo realizado principalmente no Instituto de Esporte e Saúde da Universidade de Granada e do Centro de Pesquisa sobre Mente, Cérebro e Comportamento. Segundo Ortega, o trabalho tem como objetivo responder às seguintes perguntas: Como o cérebro de crianças com melhor aptidão física é diferente do de crianças com pior condição física e se isso afeta o seu desempenho acadêmico. A resposta é curta e contundente: sim, a aptidão física em crianças está ligada de forma direta a importantes diferenças estruturais do cérebro, e essas diferenças, refletem no desempenho acadêmico delas. Além disso, a pesquisa associa a capacidade motora com um maior volume de matéria cinza com duas regiões essenciais para processamento e leitura de idioma: o giro frontal inferior e o giro temporal superior.

De acordo com Irene Esteban-Cornejo, pesquisadora Pós doutora da Universidade de Granada, e principal autora deste artigo, a aptidão física é um fator que pode ser modificado através do exercício físico e a combinação de exercícios que melhora a capacidade aeróbica e a habilidade motora seria efetiva para estimular o desenvolvimento do cérebro e o desempenho acadêmico em crianças obesas ou com excesso de peso.

Estes achados são de grande importância e servem de alerta às Instituições de Ensino e de Sáude Pública. E também confirmam outras pesquisas que já apontaram o aumento do desempenho acadêmico, como um dos benefícios psicológicos obtidos com a prática de exercícios. O estímulo às práticas esportivas e/ou de exercícios físicos, deveria começar em casa, e se estender ao ambiente da Escola que tem uma responsabilidade grande neste sentido, pois agrega um número significativo de crianças durante muitos anos, e esse tempo deve ser bem aproveitado, não somente com o estudo formal.

Mesmo as atividades físicas moderadas já apresentam efeitos positivos sobre a saúde, indivíduos de baixa aptidão física, como obesos/sobrepesos com esforços de 40% da capacidade máxima individual já é suficiente para modificar aptidão muscular e cardiorrespiratória. A busca da promoção da saúde, melhor qualidade de vida e bem-estar físico e psicológico são motivos suficientes, para implementação da combinação de exercícios aeróbicos e anaeróbios, como prática de um estilo de vida saudável e ativo. A regularidade é mais importante que a intensidade. Algumas pesquisas têm associado uma melhora de aspectos relacionados à saúde mental, psicológicos e sociais, em praticantes de atividade física, como: autoestima, autoconceito, autoimagem, ansiedade, depressão, insônia, socialização, atenção, memória, aprendizagem; e menor risco de demência.
Ref.: https://www.sciencedaily.com/releases/2017/11/171122093024.htm

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Benefícios Pessoais no acesso ao Esporte Juvenil!



                          Côté (2016) levanta a seguinte questão: Quais os elementos comuns nos programas do esporte juvenil que promovem desempenho, participação continuada e desenvolvimento pessoal?

                          O processo dinâmico de desenvolvimento no esporte juvenil está relacionado ao:

1) Envolvimento pessoal nas atividades: as atividades diárias do esporte (prática, jogos e a brincadeira);

2) Relacionamentos de qualidade: a interação com os treinadores, pais e colegas que se envolvem com os jovens no esporte;

3) Cenários apropriados: os ambientes micro e macro em que as atividades e os relacionamentos estão acontecendo (campo, arena, clube e cidade);

4) Tempo: mudanças ocorrendo ao longo do tempo. (Bronfenbrenner,         1977;  Côté,  Strachan,       &            Fraser-Thomas,        2008)

                          A estrutura dos benefícios pessoais para o esporte, ao longo do tempo, compreende os elementos dinâmicos do envolvimento diário nas atividades, dos relacionamentos de qualidade e cenário apropriado, que levarão às mudanças nos indivíduos; tendo como benefícios pessoais: a competência, a confiança, a conexão e o caráter, obtivendo, desta forma,  como resultado os 3 P´s (do inglês "Participation, Performance and Personal Development"): participação, desempenho e desenvolvimento pessoal.

                         Os benefícios pessoais, os 4 C´s dizem respeito a:

1)     Competência: visão positiva da sua ação no esporte, aprendendo um esporte específico, habilidades, competindo e desempenhando;

2)     Confiança: um sentido interno positivo de autoestima no esporte;

3)     Conexão: laços positivos com pessoas e instituições no esporte;

4)     Caráter: respeito pelas regras, integridade e empatia pelos outros. (Côté, Bruner,           Erickson,       Strachan,       &         Fraser-Thomas,        2010;  Jelicic,            Bobek,           Phelps, Lerner,         &         Lerner,           2008;  Lerner,           2004)

            O efeito do local de nascimento nos Eua, Canadá, Reino Unido, Austrália, Finlândia e Suécia relacionado ao aumento de participação, desempenho e desenvolvimento pessoal:

1- A maior proporção de atletas de elite vem de pequenas cidades (desempenho);

2- A participação no esporte juvenil é maior nas cidades pequenas (participação);

3- Os participantes do esporte juvenil das pequenas cidades, percebem um maior benefício do desenvolvimento (desenvolvimento pessoal).

            O porque destes resultados em relação ao efeito do lugar de nascimento:

- Cenários com menos pessoas em uma idade jovem aumenta o envolvimento em papéis diferentes, prazer e esforço pessoal (Barker, 1978);

- Cenários com menos pessoas fortalecem o autoconceito através de comparações sociais favoráveis (efeito de dominância de local, Gardner,      Gabriel,          &         Hochschild,    2002);

- A integração do sistema esportivo com a família, a escola e a comunidade criam um ambiente de aprendizado positivo (NRCIM, 2002);

- O ambiente natural e construído de cidades pequenas devem promover atividades lideradas pela juventude;

- A acessibilidade às instalações talvez seja mais importante do que a qualidade durante a infância;

- Os programas de esporte juvenis em cidades maiores podem ser super organizados e treinados nos primeiros anos;

- Variabilidade na idade, tamanho e habilidade dos jogadores em cidades pequenas;

- Os modelos a seguir podem ser mais influentes em cidades pequenas. (Balish   &         Côté,  2013;            Côté,  Turnnidge,     &         Evans, 2015)                       


quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Habilidades necessárias ao Profissional do Futuro!



De acordo com Schwab (2016): "Estamos a bordo de uma Revolução Tecnológica que está transformando profundamente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação acontece diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes". Segundo o mesmo autor, em função das transformações ocorridas no mercado de trabalho, o ser humano deverá desenvolver 10 habilidades até 2020. Fundador do World Economic Forum (WEF) e autor da A Quarta Revolução Industrial (2016) afirma que: “a humanidade está ingressando na Quarta Revolução Industrial, uma nova era em que a união de tecnologias digitais, físicas e biológicas modificará drasticamente não apenas o modo como vivemos, mas a maneira como trabalhamos e faremos negócios.”
            As 10 habilidades do Profissional do Futuro são:
1.Resolução de problemas complexos;
2.Pensamento Crítico; 
3.Criatividade; 
4.Gestão de pessoas;
5.Coordenação com os outros;
6.Inteligência Emocional;
7.Julgamento e Tomada de Decisões;
8.Orientação de serviço;
9.Negociação;
10.Flexibilidade cognitiva.
O desenvolvimento humano ocorre continuamente, desde os tempos mais remotos, porém, os acontecimentos dos últimos anos, tem colaborado para a aceleração deste. Temos a sensação de que o dia tem menos de 24hs, de que o tempo diminuiu, para acompanharmos tantas transformações. Será que estamos preparados para o que ainda está por vir? O que efetivamente estamos fazendo hoje para aprimorar as habilidades que já temos e desenvolver as novas que serão necessárias? O futuro já está aí, cada vez mais as exigências de competências envolvendo o relacionar-se melhor consigo (Autogestão) e com o outro (Gestão de Pessoas), serão a tônica em todos os ambientes de trabalho. É interessante notar, que as habilidades citadas por Schwab, estão relacionadas diretamente com aspectos mentais e emocionais do indivíduo, mesmo com toda a revolução tecnológica presente hoje e no futuro, o maior desafio será mesmo a disposição para a mudança interna, a partir de cada um, e que terá reflexo nos outros e nas suas relações!


 SCHWAB, K. A Quarta Revolução Industrial, Edipro, São Paulo, 2016. 

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

TDAH em Crianças: O que é e como tratar!

            O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH, somando dois grupos de sintomas) é uma das desordens psiquiátricas mais comuns na infância, variando de 3 a 10%, com maior frequência em meninos (12%), e em meninas (6%). Os sintomas característicos são: desatenção, inquietude e impulsividade (em mais de um ambiente). Existem crianças que podem apresentar somente o Transtorno de Déficit de Atenção (TDA), mais comum em meninas, e ainda outras, com Transtorno de Hiperatividade, com os meninos compondo a sua maioria.
            Os portadores do TDAH apresentam alterações na região pré-frontal e nos neurotransmissores (em especial, dopamina e noradrenalina). Essa região do cérebro é justamente responsável pelo autocontrole do comportamento social, pela capacidade de prestar atenção, memória executiva, organização e planejamento. Esse transtorno pode ter causas genéticas (filhos de pais com TDAH tem maior chance), congênitas (exposição ao álcool, cigarro ou medicações durante a gestação aumentam a incidência) ou ambiental. Na vida adulta pode reduzir consideravelmente, em 70 a 90% dos pacientes. No entanto, pode retornar em caso de privação de sono, uso de drogas ou outros fatores ambientais.
            Alguns dos sintomas clínicos e que sugerem investigação diagnóstica, em crianças de 6 a 12 anos, são:
- Se distrai facilmente, fixa atenção poucos segundos em cada objeto;
- Trabalhos escolares pouco organizados, com erros e incompletos;
- Perturba a classe respondendo antes do seu tempo, não fica sentada em seu lugar;
- Não espera a sua vez nos jogos e brincadeiras;
- Demora muito tempo para fazer as suas tarefas;
- Meninos: hiperatividade e impulsividade;
- Meninas: déficit de atenção.
            Importante lembrar que estes pacientes também têm aspectos positivos, como: expansivo, criativo, independente, rapidez e agilidade mental, jovialidade e interatividade social.
            O tratamento do TDAH, através da medicina convencional, se dá pela prescrição de potentes drogas estimulantes, como a lisdexanfetamina e metilfenidato. Apesar de certa eficiência, no longo prazo, essa abordagem medicamentosa pode levar a vários efeitos colaterais, como: distúrbios do sono, alterações de pressão arterial e frequência cardíaca e inapetência. Sugere-se algumas medidas complementares para auxiliar o tratamento deste transtorno:
1)    Melhorar o sono (quando inadequado interfere negativamente na forma de pensar, funcionar e se comportar);
2)    Atividade física;
3)    Melhoria da dieta e redução da toxidade ambiental (sensíveis à interferência cerebral que alguns alimentos e toxinas podem causar, apresentam nutrientes, como ômega-3, zinco, ferro, magnésio, vitaminas B6 e D3, em níveis inferiores);
4)    Uso de suplementos;
5)    Uso de aminoácidos e fitoterápicos;
6)    Treinamento Psicofuncional (positiva a participação de um psicoterapeuta que ensine ao paciente e familiares, estratégias que melhorem seu desenvolvimento e socialização);
7)    Atividades estimuladoras da atenção voluntária (Meditação, Yoga, Tai chi).
Essa combinação da medicina convencional às abordagens mais naturais, como dieta, exercícios, mudanças no estilo e vida, uso de nutracêntricos para o cérebro, intervenção psicólogica e educacional, promovem uma melhora mais significativa dos sintomas dos pacientes com TDAH, do que, se optar exclusivamente pelo tratamento com remédios. 



Fonte: Revista Essentia – 11ª. Edição – Abril/2017.