A
neurocientista alemã, Julia Sperling, acompanhou por uma década 6.000
executivos e concluiu que eles eram cinco vezes mais produtivos quando estavam
no estado de flow. Segundo Ana Karina Dias, responsável pela prática de
RH da McKinsey no Brasil: “Notamos três necessidades básicas para estimular o flow
coletivo: clareza de papéis e objetivos; ambiente de colaboração e
confiança; e pessoas dotadas de motivação intrínseca”.
O conceito de flow, ou “fluxo” é um
estado em que não se percebe o tempo passar e as ideias fluem livremente. O
fenômeno, ligado ao máximo desempenho de atletas e artistas, também ocorre no
ambiente corporativo. O psicólogo
húngaro, Mihaly Csikszentmihalyi, da Universidade de Chicago escreveu um livro
intitulado "A Descoberta do Fluxo". Nesta obra explica que a
felicidade é como atingir o estado de fluxo, quando o indivíduo se encontra
completamente imerso e concentrado no que está fazendo, sendo bem-sucedido e
desfrutando de um grande prazer. Muitas vezes, ele é capaz de perder a noção de
tempo neste estado. O autor comenta também que a maioria dos aspectos que dizem
respeito à felicidade tem origem na mente através dos seguintes componentes:
personalidade, otimismo, resiliência (superação), gratidão, presença de altos
níveis de emoções positivas. Para atingir o estado de fluxo é necessário um
alto grau de desafio e de habilidade para realizar uma tarefa. Pode ser
descrito como um estado onde a atenção, a motivação e a habilidade encontram-se
numa harmonia produtiva.
Flow coletivo
Estudos mostram que durante o flow há
alteração na frequência das ondas cerebrais e aumento da circulação de
moléculas como endorfina e serotonina. A combinação melhora o foco, a
criatividade e a conexão entre as pessoas.
Um dos fenômenos identificados, porém, pouco
compreendido, é o dos “neurônios-espelho”, os quais são ativados ao observar a
ação de outra pessoa. Estudos mostram que a habilidade de craques de futebol,
como o argentino Lionel Messi, em prever a ação do adversário no momento de um
drible está ligada a uma ativação maior do sistema de neurônios-espelho.
Pesquisadores da Universidade Brunel, na Inglaterra, fizeram exames de
ressonância magnética funcional no cérebro de dois grupos de jogadores — novatos
e experientes. Nos mais qualificados, havia evidências de uma ativação mais
intensa do sistema de neurônios-espelho quando viam um adversário se aproximar.
Outros estudos relacionam os neurônios- espelho ao “contágio social” —
tendência de sentir o que o outro sente.
Uma gama de hipóteses e conclusões estão
sendo cada vez mais testadas e poderão trazer aplicações úteis para times
esportivos, empresas e indivíduos.
Fonte: https://exame.abril.com.br/revista-exame/a-quimica-da-mente-produtiva/