A
palavra bullying, é de origem
inglesa, e “é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito
escolar, tanto de meninos quanto de meninas. Entre esses comportamentos,
podemos destacar agressões, assédios e ações desrespeitosas realizados de
maneira recorrente e intencional por parte dos agressores. É fundamental
explicitar que as atitudes tomadas por um ou mais agressores contra um ou
alguns estudantes geralmente não apresentam motivações específicas ou
justificáveis. Isso significa dizer que, de forma quase “natural”, os mais
fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder,
com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas. E
isso invariavelmente produz, alimenta e até perpetua muita dor e sofrimento nos
vitimados! ”(p. 19)
As formas diversas de bullying são demonstradas abaixo:
- Verbal:
insultar, ofender, xingar, fazer gozações, colocar apelidos pejorativos, fazer
piadas ofensivas e zoar;
-
Físico e material: bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar,
furtar ou destruir os pertences da vítima, atirar objetos contra a vítima;
-
Psicológico e moral: irritar, humilhar e ridicularizar, excluir, isolar,
ignorar, desprezar ou fazer pouco-caso, discriminar, aterrorizar e ameaçar,
chantagear e intimidar, tiranizar, dominar, perseguir, difamar, passar bilhetes
e desenhos de caráter ofensivo entre os colegas; fazer intrigas, fofocas ou
mexericos;
-
Sexual: abusar, violentar, assediar, insinuar;
-
Virtual: utilização de celulares e computadores na internet, conhecido também
como cyberbullying.
Esse tema é polêmico, e por mais
que essa definição se refira ao ambiente escolar, infelizmente, não é somente
lá que o bullying ocorre, pode ser
nos próprios lares e no ambiente esportivo também. Ilustro dois exemplos de
atletas vencedores, referências no esporte mundial, em suas modalidades, que
foram vítimas deste tipo de violência.
O nadador norte-americano, Michael
Phelps, com vários recordes mundiais estabelecidos, detentor de mais de 20
medalhas olímpicas, foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção com
hiperatividade (TDAH). Os professores reclamavam do seu comportamento, de que não
fazia as tarefas, não prestava atenção nas aulas e não parava quieto. Uma de
suas professoras chegou a declarar que ele jamais seria bem-sucedido porque não
era capaz de se concentrar. Ele sofreu bullying
por anos a fio, em decorrência disto, e também por ser muito alto, magro, desengonçado
e ter orelhas grandes. No ambiente esportivo, durante uma competição de
natação, aos 11 anos de idade, alguns meninos tentaram mergulhar sua cabeça
numa privada. Ele conseguiu fugir e saiu do banheiro aos prantos. “A raiva
formou-se em meu interior e, embora eu não tivesse comentado nada sobre o
assunto com ninguém, usaria essa raiva como motivação – em especial, na piscina”,
Phelps relatou em seu livro autobiográfico, Sem Limites.
O ex-jogador de futebol David
Beckham, considerado um dos maiores jogadores de futebol do mundo, foi vítima
de bullying durante o período
escolar. Quando criança, já era obcecado por futebol, vivia com a bola nos pés
e sonhava em jogar profissionalmente. Ingressou, aos 8 anos, na escolinha de
futebol Ridgeway Rovers e se tornou um jogador talentoso e um dos melhores
artilheiros. Em sua trajetória esteve em clubes como: Manchester United, Real
Madrid, Los Angeles Galaxy, Milan e Paris Saint-Germain. Além de ter feito
parte da Seleção Inglesa, a partir de 1996, inclusive como capitão do time.
Colecionou gols e prêmios individuais. Em 2007, revelou à revista inglesa Guardian Weekend que se sentia diferente
no período da adolescência. Seus amigos pensavam em diversão e ele era
totalmente focado no futebol e na preparação para os jogos. Ele era vítima de
zombarias por ter começado cedo no esporte e se recusar a sair à noite ou a
beber com os amigos. Seus agressores diziam que isso era coisa de “mulherzinha”.
“No entanto, esbarrei com essas mesmas pessoas um ano atrás, e elas me
perguntaram: Podemos vê-lo jogar em Madri? ”, concluiu o jogador. Beckham
aliado a outras celebridades aderiu à campanha antibullying denominada Beat Bullying (Acabem com o bullying), organizada pelo governo
inglês com apoio da BBC Radio 1 e mais de 50 organizações. Como embaixador da
Boa Vontade da Unicef, em 2015, lançou o projeto “7: Fundo Unicef David Beckham”,
no qual um dos propósitos era proteger crianças vítimas de violência em países
em crise e conflitos.
Fonte: Silva, A.B.B. Bullying: mentes perigosas nas escolas.
São Paulo: Globo, 2015.