O nosso inconsciente é parte tão
vital e real da vida de um indivíduo quanto o é o mundo consciente,
infinitamente mais amplo e mais rico. A linguagem e os meios de comunicação com
este mundo são os sonhos. O inconsciente é o grande guia, o amigo e conselheiro
do consciente. E a estrutura psíquica que media a conversa entre o inconsciente
e o consciente é o Ego. Nem todas as experiências podem ir para a consciência,
o Ego nos protege e quem verifica se temos aporte emocional, para trazer do
inconsciente para o consciente.
O sonho é uma expressão integral,
importante e pessoal do inconsciente, e é particular de cada um. Se comunica
com o sonhador e seleciona símbolos para seu propósito, com um sentido que diz
respeito somente a ele. Oferece-lhe conselhos ou orientações que não poderiam
ser obtidos de qualquer outra fonte, meio de comunicação direto, pessoal e
significativo com aquele que sonha. O sonho retrata a situação interna do
sonhador, cuja verdade e realidade o consciente reluta em aceitar ou não aceita
de todo. Os cuidados
com água, alimentação, atividade física, boa gestão de si e das suas atividades,
são relevantes para o estado onírico (estado do sonho). O sonho diz respeito à
leitura desse estado onírico da pessoa, tem a ver com tudo da vida dela, estilo
de vida. O corpo onírico se refere a toda expressão do indivíduo: idade,
gênero, forma como conta o sonho, o jeito que lembra.O sonho está relacionado à
memória pessoal e nos mostra o que podemos suportar, a assimilação de
experiências.
“Para conhecer e entender a
organização psíquica da personalidade global de uma pessoa é importante avaliar
quão relevante é a função de seus sonhos e imagens simbólicas. A descoberta de
que o inconsciente não é apenas um simples depósito do passado, mas que está
também cheio de germes de ideias e de situações psíquicas futuras levou-me a
uma atitude nova e pessoal em relação a psicologia. Pensamentos inteiramente
novos e ideias criadoras podem surgir do inconsciente – ideias e pensamentos
que nunca foram conscientes. A capacidade de alcançar um veio rico desse
material e transformá-lo de maneira eficaz, em literatura, música ou em
descobertas científicas é o que chamamos genialidade.”
A função geral dos sonhos é
tentar restabelecer a nossa balança psicológica, produzindo um material onírico
que reconstitui, o equilíbrio psíquico total. É a chamada função complementar
(ou compensatória) dos sonhos na nossa constituição psíquica. Explica porque as
pessoas com ideias pouco realísticas, ou ainda, que constroem planos grandiosos
em desacordo com a sua verdadeira capacidade, sonham que voam ou caem. O sonho
compensa as deficiências de suas personalidades e, ao mesmo tempo, previne-as
dos perigos dos seus rumos atuais. Se os avisos dos sonhos são rejeitados,
podem ocorrer acidentes reais. Os sonhos algumas vezes podem revelar certas
situações muito antes de elas realmente acontecerem. O sonho premonitório pode acontecer em até 3 dias, e
ocorre no 3º. estágio, a vida precisa estar equilibrada em todos os sentidos,
saudável.
Muitas crises em nossas vidas tem
uma longa história inconsciente. Para benefício do equilíbrio mental e até mesmo
da saúde fisiológica, o consciente e o inconsciente devem estar completamente
interligados a fim de que possam se mover em linhas paralelas. O sonho
recorrente é um fenômeno digno de apreciação. Há casos em que as pessoas sonham
o mesmo sonho desde a infância até a idade adulta. Esse tipo de sonho é, em
geral, uma tentativa de compensação para algum defeito particular que existe na
atitude do sonhador em relação à vida; ou pode tratar de um trauma que tenha
deixado alguma marca. O sonho traz melhoria do que precisa ser realizado, é imediatista. Quanto
mais dinâmicas as experiências de vida, mais objetivo é o sonho.
Fonte: Jung, C.G. (Org.) O Homem e seus Símbolos.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.