quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Jung e os Sonhos!


O nosso inconsciente é parte tão vital e real da vida de um indivíduo quanto o é o mundo consciente, infinitamente mais amplo e mais rico. A linguagem e os meios de comunicação com este mundo são os sonhos. O inconsciente é o grande guia, o amigo e conselheiro do consciente. E a estrutura psíquica que media a conversa entre o inconsciente e o consciente é o Ego. Nem todas as experiências podem ir para a consciência, o Ego nos protege e quem verifica se temos aporte emocional, para trazer do inconsciente para o consciente.
O sonho é uma expressão integral, importante e pessoal do inconsciente, e é particular de cada um. Se comunica com o sonhador e seleciona símbolos para seu propósito, com um sentido que diz respeito somente a ele. Oferece-lhe conselhos ou orientações que não poderiam ser obtidos de qualquer outra fonte, meio de comunicação direto, pessoal e significativo com aquele que sonha. O sonho retrata a situação interna do sonhador, cuja verdade e realidade o consciente reluta em aceitar ou não aceita de todo. Os cuidados com água, alimentação, atividade física, boa gestão de si e das suas atividades, são relevantes para o estado onírico (estado do sonho). O sonho diz respeito à leitura desse estado onírico da pessoa, tem a ver com tudo da vida dela, estilo de vida. O corpo onírico se refere a toda expressão do indivíduo: idade, gênero, forma como conta o sonho, o jeito que lembra.O sonho está relacionado à memória pessoal e nos mostra o que podemos suportar, a assimilação de experiências.
“Para conhecer e entender a organização psíquica da personalidade global de uma pessoa é importante avaliar quão relevante é a função de seus sonhos e imagens simbólicas. A descoberta de que o inconsciente não é apenas um simples depósito do passado, mas que está também cheio de germes de ideias e de situações psíquicas futuras levou-me a uma atitude nova e pessoal em relação a psicologia. Pensamentos inteiramente novos e ideias criadoras podem surgir do inconsciente – ideias e pensamentos que nunca foram conscientes. A capacidade de alcançar um veio rico desse material e transformá-lo de maneira eficaz, em literatura, música ou em descobertas científicas é o que chamamos genialidade.”
A função geral dos sonhos é tentar restabelecer a nossa balança psicológica, produzindo um material onírico que reconstitui, o equilíbrio psíquico total. É a chamada função complementar (ou compensatória) dos sonhos na nossa constituição psíquica. Explica porque as pessoas com ideias pouco realísticas, ou ainda, que constroem planos grandiosos em desacordo com a sua verdadeira capacidade, sonham que voam ou caem. O sonho compensa as deficiências de suas personalidades e, ao mesmo tempo, previne-as dos perigos dos seus rumos atuais. Se os avisos dos sonhos são rejeitados, podem ocorrer acidentes reais. Os sonhos algumas vezes podem revelar certas situações muito antes de elas realmente acontecerem. O sonho premonitório pode acontecer em até 3 dias, e ocorre no 3º. estágio, a vida precisa estar equilibrada em todos os sentidos, saudável.
Muitas crises em nossas vidas tem uma longa história inconsciente. Para benefício do equilíbrio mental e até mesmo da saúde fisiológica, o consciente e o inconsciente devem estar completamente interligados a fim de que possam se mover em linhas paralelas. O sonho recorrente é um fenômeno digno de apreciação. Há casos em que as pessoas sonham o mesmo sonho desde a infância até a idade adulta. Esse tipo de sonho é, em geral, uma tentativa de compensação para algum defeito particular que existe na atitude do sonhador em relação à vida; ou pode tratar de um trauma que tenha deixado alguma marca. O sonho traz melhoria do que precisa ser realizado, é imediatista. Quanto mais dinâmicas as experiências de vida, mais objetivo é o sonho.

 Fonte: Jung, C.G. (Org.) O Homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.