O ponto de partida da
liderança socialmente inteligente é a dedicação e a sincronia total. Somente a
partir daí pode se desdobrar a grande variedade de facetas que compõem a
inteligência social, de perceber como as pessoas se sentem e o porquê disso, e
interagir gentilmente com elas e mobilizá-las para um estado mais positivo. Não
existe um manual que nos diz o que devemos fazer em cada situação, nenhuma
receita mágica que pode promover a inteligência social no local de trabalho.
E quando nos transportamos para uma escola, e imaginamos
no professor o importante papel de líder social para os seus alunos...em que
medida a escola prepara os professores para tal exercício? O professor com sua
formação da faculdade está capacitado para ser muito mais que um transmissor de
conhecimento? E será que essa transmissão não fica comprometida caso ele não
exerça sua liderança social de forma inteligente?
Muitos
problemas comportamentais gerados pela insegurança vivida pelo aluno o
incapacitam de realizar as tarefas que lhe são confiadas. Uma relação especial
estabelecida entre o professor e o aluno é um veículo extraordinário para
incentivar a capacidade de aprendizagem das crianças. Uma pesquisa recente
mostrou que os alunos que sentem uma ligação especial, quer com os professores,
com outros alunos ou mesmo com a escola, obtém um melhor desempenho e
enfrentamento dos perigos que cercam o adolescente moderno. Deste modo, os
alunos emocionalmente conectados têm menores taxas de violência, intimidação,
vandalismo, ansiedade, depressão, abuso de drogas, suicídio, absenteísmo e
abandono.
Um
estudo realizado com 910 alunos do primeiro ano do ensino fundamental, de uma
amostra nacional representativa de todo o país, com observadores treinados,
analisaram os professores e avaliaram como o estilo de ensinar afeta o
aprendizado das crianças com risco de reprovação. Os melhores resultados
surgiram quando os professores:
- Sintonizaram-se com a
criança e responderam a seus interesses, necessidades, humores e capacidades,
deixando-os guiar suas interações;
- Criaram um clima
positivo em sala de aula, com conversas agradáveis, risada e animação;
- Demonstraram afeto e
consideração positiva em relação aos alunos;
- Tiveram um bom
controle de sala de aula, com expectativas e rotinas claras, mas flexíveis,
para que os alunos seguissem as regras por conta própria.
Os piores resultados, no entanto, ocorreram quando o
professor assume uma postura “faz isso” e impuseram sua agenda aos estudantes,
sem se sintonizar, ou permaneceram emocionalmente distantes e
descompromissados. Tais professores brigavam com seus alunos com mais
frequência e precisavam impor castigos para restaurar a ordem. O estudo
encontrou uma diferença impressionante entre os alunos mais fracos: se eles
tivessem um professor carinhoso e presente, prosperavam, aprendendo tão bem
quanto as outras crianças.
“Bons professores, são como bons pais. Ao oferecer uma
base segura, um professor cria um ambiente que permite que o cérebro dos
estudantes dê o melhor de si. Tal base, torna-se um porto seguro, um território
no qual podem aventurar-se para explorar, dominar algo novo, conquistar! ” (p.
326)
GOLEMAN, D. Inteligência Social: o poder das
relações humanas. Rio de Janeiro, Elsevier, 2006.