quinta-feira, 29 de março de 2012

A Psicologia Cognitiva aplicada ao Esporte!

O modelo cognitivo tem como princípio que os nossos sentimentos e comportamentos são determinados pelos pensamentos e não pelas situações que nos ocorrem.  E ele possui algumas premissas, tais como:
- A cognição afeta o sentimento e o comportamento;
- A cognição pode ser monitorada e alterada;
- Uma mudança de comportamento leva a mudança cognitiva.
As aprendizagens mais importantes que são consideradas nesse modelo são:
- O reconhecimento da relação entre a situação -o pensamento – a emoção – a ação;
- O monitoramento dos pensamentos e crenças automáticos;
- A avaliação da funcionalidade dos pensamentos e crenças;
- Modificação de pensamentos e crenças disfuncionais.
Entende-se por crença padrões de pensamento sobre nós mesmos, os outros, o mundo e o futuro, adquiridos ao longo da vida e que tem reflexo no nosso comportamento. As crenças funcionais são as que permitem avaliações realistas, e as disfuncionais são as que distorcem a realidade, induzem à atitude mental negativa e à inflexibilidade cognitiva.
Um estudo realizado por Sonia Román e Mariângela Gentil Savoia com 129 jogadores do Santos Futebol Clube, de 4 categorias: mirim, infantil, juvenil e juniores, com idades entre 13 e 20 anos, avaliou crenças relacionadas à ansiedade e a que predominou foi “não posso errar”. As autoras levantaram duas hipóteses: o fato de terem um medo tão forte de errar se devia a elevada expectativa de técnicos, torcida, dirigentes e imprensa, como se os atletas tivessem que acertar sempre e ter controle sobre todos os momentos decisivos dos jogos; e a outra é a exigência do perfeccionismo que antecipa o processo de ansiedade e/ou stress, já que é impossível acertar 100%. A partir da crença “não posso errar” em relação aos passes, foram encontrados alguns pensamentos disfuncionais, como:
- “Se acerto a primeira bola do jogo é porque vou bem”;
- “Preciso acertar o passe porque (senão algo ruim acontece)”;
- “Quando erro uma bola, a seguinte, tenho que acertar”;
- “Dois erros seguidos e estou numa fase ruim”.
Uma segunda maior preocupação dos atletas foi observada como “não posso errar” para não perder oportunidades, com os seguintes pensamentos:
- “Tenho que ganhar senão me prejudico”;
- “Se perder não serei considerado profissional”;
- “Tenho que jogar bem para ser titular”;
- “Não estou rendendo e posso ser mandado embora”;
- “Quero subir logo, não posso perder a vaga”;
- “Não posso errar, tenho que mostrar serviço”.
E ainda uma outra apreensão encontrada foi “não posso errar” para não prejudicar o time, com os pensamentos do tipo:
- “Se erro, tenho que correr atrás para ajudar meu time”;
- “Será que vou fazer algo errado e vou prejudicar o time?”;
- “Tenho que dar o máximo para ajudar o time”;
- “Será que tenho condições de ficar no time?”.
Quando refletimos sobre uma proposta de treinamento a partir da utilização da psicologia cognitiva é imprescindível uma avaliação inicial que inclua o levantamento de crenças, para poder dessa forma desafiá-las, assim como romper os pensamentos automáticos, possibilitando uma reestruturação cognitiva. O uso de crenças fortalecedoras (as que me ajudam a chegar aonde quero) no lugar das consideradas limitadoras (as que me impedem de realizar) é um recurso poderosíssimo para trabalhar com os atletas. Esse tipo de treinamento psicológico auxilia tanto no crescimento pessoal, quanto nas habilidades psicológicas importantes para a melhora de performance, como autocontrole, autoconfiança, motivação e concentração.


Artigo completo do estudo citado: Psicologia: Teoria e prática - 2003, 5(2): p. 13-22 ou pelo site: www.soniaroman.com.br

quinta-feira, 22 de março de 2012

A Saúde da Mulher!

Algumas mulheres que evitam lidar com suas emoções negativas e resistem ao movimento natural de seus sentimentos, experimentam a síndrome ou tensão pré-menstrual. Há uma forte correlação entre a TPM e a incapacidade de lidar com sentimentos negativos de forma positiva. Se possuímos os sentimentos positivos de amor, alegria, prazer, confiança, nós periodicamente, temos que sentir raiva, tristeza e medo(ESTÉS, 1996). Em função de ser motivo de chacotas e piadas, algumas mulheres não assumem para si mesmas, e muito menos, para os outros que tem TPM, desse modo, acabam não fazendo nada para tratar e amenizar os sintomas decorrentes da mesma.
   Viver num estado de alma faminta implica a privação dos atributos da alma: a criatividade e a percepção sensorial. Os comportamentos exagerados são a reação da mulher que está faminta por uma vida que tenha significado para ela, e se excede: no álcool, nas drogas, na raiva, na espiritualidade, na promiscuidade, em gravidezes, no estudo, no controle, na organização, na forma física, com comida pouco saudável (ESTÉS, 1996). Este tipo de comportamento tem conseqüências sérias sobre a saúde da mulher, pois leva a um desequilíbrio, físico, mental e espiritual ocasionando as doenças. Cuidar da saúde de uma maneira proativa é uma necessidade cada vez maior do ser humano, e em particular, da mulher moderna. A Organização Mundial da Saúde define que: “Saúde é o estado de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença.”
 O fato é que as mulheres mudaram... A mulher dos anos 80 em diante é mais poderosa e auto-suficiente; ela quer ser tratada como igual em casa e no trabalho. Ela quer ter filhos, mas não deseja ser exclusivamente uma dona de casa. Embora queira uma relação duradoura com um homem, não tem medo de ficar sozinha e não está disposta a permanecer numa relação que não seja satisfatória ou benéfica para ela.
À medida que ela se propõe a incorporar sua mulher selvagem, consegue discernir os recursos da natureza mais profunda de si mesma, recuperando e resgatando sua bela forma psíquica natural. Esse resgate e sua manutenção fará com que: a vida criativa das mulheres floresçam, seus relacionamentos adquiram significado, profundidade e saúde; seus ciclos de sexualidade, criatividade, trabalho e diversão sejam restabelecidos.
Uma forma simples e eficiente da mulher cuidar de si mesma e encontrar o equilíbrio psicofísico é através da prática regular de exercícios físicos. A partir dos 30 anos, a mulher começa a ter perda entre 140 e 170 gramas de massa muscular por ano. Se não tiver praticado treinamento de força até os 39 anos, além de ter perdido quase 2 kilos de músculo, terá no lugar deles, gordura. O excesso de gordura retarda o metabolismo. Ocorre também a perda óssea, de força, de altura e de capacidade aeróbica. E coincide com este período o início da queda hormonal. Portanto, motivos de saúde não faltam para investir tempo e energia num estilo de vida mais saudável e prazeroso!




quinta-feira, 15 de março de 2012

Transição de carreira: a passagem do juvenil para o profissional!

   O período que corresponde ao início da carreira profissional de um atleta, muitas vezes, é o que mais exige ou testa de si mesmo, as suas habilidades psicológicas. A confiança, a concentração, a auto-estima, a motivação e a emoção são algumas das mais preponderantes.
   Diante disto, existe um tempo de adaptação à nova realidade e a cobrança inerente a ela. Como eu já havia comentado em um post anterior, o fato de o atleta estar vindo das categorias de base não é garantia dele conseguir se manter no alto rendimento, justamente pela pressão sofrida por ele nesse nível competitivo. A autocobrança excessiva, assim como: da comissão técnica, da torcida, dos dirigentes, da mídia, dos patrocinadores e mesmo dos próprios pais; pode se tornar insuportável para o esportista, levando-o a pensar ou levar a vias de fato, a desistência da carreira esportiva. Ele percebe que não dá conta da expectativa exagerada sobre o seu rendimento e os resultados obtidos. A situação se torna ainda mais delicada quando ele e/ou sua equipe começam a perder.
   Um atleta que experimentou essa situação foi o ex-tenista André Agassi, que chegou a querer desistir, dar um basta, depois de uma seqüência de derrotas por não agüentar mais a pressão, toda a rotina e viagens. Após um jogo, em particular, saiu pelas ruas e começou a distribuir suas raquetes (cada uma custando algumas centenas de dólares) aos moradores de rua, dizendo que nunca mais precisaria delas!
   Em virtude dessa experiência, muito comum na fase de transição de carreira do juvenil para o profissional, torna-se fundamental um preparo psicológico anterior, uma boa sustentação emocional e cognitiva, e em especial, se o esportista não conta com um bom suporte e uma referência positiva da família!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Descobertas dos Efeitos da Corrida em Indivíduos com Depressão Moderada!

Trivedi, pesquisador sobre Transtornos de Humor da Universidade de Southwestern, do Texas, confirmou que correr três vezes por semana é tão eficaz quanto os antidepressivos. O estudo foi realizado durante 3 anos, com 80 pessoas, de 20 a 45 anos, que apresentavam sintomas moderados de depressão. Os sujeitos foram divididos em quatro grupos distintos que realizavam os exercícios de acordo com diferentes intensidades. Os resultados apontaram que:
- Indivíduos que praticavam exercícios aeróbicos moderados ou intensos – 30 minutos – de 3 a 5 dias na semana – experimentaram uma redução de 47% dos seus sintomas depressivos após 12 semanas;
- Nos participantes que realizaram atividade física de menor intensidade – 3 dias na semana – os sintomas diminuíram 30%;
- E ainda aqueles que realizaram exercícios de flexibilidade, durante 15-20 minutos, a porcentagem foi de 29%.
Esta resposta considerada positiva através da prática regular de exercícios físicos, segundo os estudiosos, é comparável aos resultados obtidos ao tratamento medicamentoso (uso de antidepressivos) ou mesmo à terapia do comportamento cognitivo.
A pesquisa citada acima corrobora outros estudos que encontraram resultados semelhantes, no que diz respeito à diminuição da depressão como um dos benefícios psicológicos obtidos com a prática de exercícios físicos.
Infelizmente, muitas pessoas, por preconceito ou por receio de serem estigmatizadas não procuram ajuda e/ou tratamento. Por isso, ter como aliado e complemento um hábito de vida saudável, como o exercício físico, assim como a psicoterapia, e se no caso, é realmente diagnosticada como depressão moderada, poder não precisar fazer uso de medicamentos que tem efeitos colaterais é uma vantagem considerável para a pessoa que apresenta esse quadro.

   
    

quinta-feira, 1 de março de 2012

A Periodização do Treinamento e Fatores Relacionados!

    A periodização excelente inexiste para cada modalidade esportiva, assim como o tempo ideal para um aumento do nível de treinamento e da forma atlética. Alguns fatores, como as capacidades psicofisiológicas, características individuais, a dieta e a recuperação aumentam ainda mais essas dificuldades. Um modelo de treinamento pode ser concebido e, através da observação de anos anteriores, ser melhorado, com isso facilitando, cada vez mais, seu planejamento (BOMPA, 2002).
   Uma boa qualidade do sono pode contribuir e muito para a recuperação de treinamentos fortes do atleta. É através dele que é possível recuperar as energias gastas no dia-a-dia. O nosso organismo produz a melatonina, que tem como função principal regular o sono e isto começa a acontecer à medida que fechamos os olhos para dormir. Nesse período é secretado um outro hormônio chamado HGH que é o hormônio que estimula o crescimento e a recuperação muscular, aumenta a densidade óssea e a queima de gordura, contribuindo para uma boa recuperação dos treinos. Quando se dorme mal pode ser experimentado mau humor, irritabilidade e fadiga, ainda mais no caso do atleta pelo desgaste físico e mental que vivencia.
   Parece haver, entre os autores, uma concordância quanto ao inter-relacionamento dos aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos, sendo nítida a relevância do trabalho interdisciplinar num programa de treinamento considerado estruturado. Apesar das evidências, tanto científicas como práticas, da importância desta estruturação, muitas equipes ainda não trabalham com um programa de treinamento planejado e organizado, levando em consideração todos estes aspectos.