Segundo Vallerand (1997) um indivíduo
para poder satisfazer suas necessidades psicológicas básicas e,
conseqüentemente, experimentar formas de automotivação, depende de dois
diferentes aspectos sociais que se encontram no meio ambiente do praticante.
Por isso, este autor considera fundamental analisar e determinar o contexto
social em que o sujeito se encontra inserido. Neste sentido, unida à teoria da
autodeterminação está a teoria das metas de realização (Nicholls,1987), cuja idéia
principal se baseia no pensamento de que as metas de um indivíduo consistem em
esforçar-se para demonstrar competência em contextos de sucesso. Segundo esta
teoria, fatores ambientais referentes às características do meio ambiente de
realização em que se encontra o individuo, junto às características pessoais do
mesmo, vão influenciar sua motivação. Estes fatores ambientais recebem o nome
de clima motivacional (Ames, 1992) e vão depender dos estímulos de êxito
transmitidos pelas pessoas que rodeiam o sujeito (pais, companheiros,
treinadores, professores). Assim, distinguimos um clima-tarefa: em que os
estímulos estão no esforço e na superação pessoal; e um clima-ego: que prima a
superação dos rivais e a demonstração de maior capacidade que os demais. Esta
teoria considera que as pessoas, atendendo suas características pessoais, podem
ter dois tipos de orientação de meta disposicional: uma orientação à tarefa em
que o êxito vem definido pela melhora pessoal e uma orientação ao ego em que o
êxito se relacionaria com a demonstração de habilidade normativa.
Muitos estudos no âmbito esportivo
(Boyd, Weinmann, Yin, 2002), (Ntoumanis & Biddle, 1987) relacionam ambas as
teorias, analisando como o clima motivacional e a orientação de metas
disposicionais influenciam no desenvolvimento da automotivação. Estes trabalhos
indicaram que o clima-tarefa e a orientação à tarefa se relacionavam positiva e
significativamente com a automotivação, enquanto que o clima-ego e a orientação
ao ego se relacionavam de forma positiva e significativa com a motivação
não-autodeterminada.
Em relação aos estudos sobre
autodeterminação e prazer, Ntoumanis (2002) encontrou uma relação positiva e
significativa do prazer com as formas de motivação mais autodeterminadas, em
aulas de educação física. Resultados que coincidiram com os encontrados na
análise cluster, onde o perfil mais autodeterminado refletia um maior prazer
pela atividade físico-esportiva realizada.
Frederick e Ryan (1995), Ingledew,
Markland e Medley (1998) e Ryan, et al. (1999), pesquisaram a relação entre
o tempo de prática e o prazer na mesma, determinando que este sentimento
encontra-se relacionado com uma maior assistência e duração das sessões de
exercício físico.
Da mesma forma, vários trabalhos
analisaram as diferenças por gênero e idade, em relação à autodeterminação
(Amorose e Horn, 2000), (Cuddihy e Corbin, 1995) e (Kim e Gill, 1997),
encontrando que os homens ativos mostravam maiores níveis de interesses/prazer,
assim como maior competência percebida em sua participação em atividades
físicas do que as mulheres. Ao contrário, Arbinaga e García (2005), Chantal et
al. (1996), Fortier et al. (1995), Miller (2000), Pelletier et al.
(1995) e Recours et al. (2004), utilizando em grande parte deles, a
Escala de Motivação Desportiva (SMS), acharam que as meninas pontuavam mais
alto em motivação intrínseca e mais baixa em motivação extrínseca do que os
meninos, ou seja, as meninas teriam mais motivos sociais para praticar esporte
do que os meninos, e estes estavam mais excitados por motivos extrínsecos, como
a competição e o exibicionismo.
Em relação à variável sócio-demográfica
idade, Cuddihy e Corbin (1995) descobriram que a motivação intrínseca em
relação à atividade física se incrementava em cursos mais altos.
Duda (1986), White e Duda (1994) e
Kavussanu e Roberts (1996) também revelaram diferenças de gênero nas metas de
realização disposicionais adotadas em âmbitos esportivos. Desta maneira, o
gênero masculino se encontra associado a metas de realização orientadas
ao ego, já o feminino se associa às metas de realização orientadas à tarefa.
Estes achados enfatizam a importância do aspecto social no
estímulo à prática de exercícios físicos-esportivos como um incentivo a mais na
adesão e manutenção desta. Desta forma, aumenta a responsabilidade de pais,
professores, companheiros(as), treinadores que promovem a prática regular na
população desenvolvendo estilos de vida mais ativos e saudáveis. Por esta razão, tem crescido enormemente a formação e participação, nos grupos de caminhada e corrida, pelo Brasil e no mundo.
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