terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Famílias Disfuncionais!

A família disfuncional é aquela cujos membros não sabem enfrentar e resolver seus problemas, por terem dificuldade de lidar com sentimentos e necessidades. Nela, os papéis são rígidos e inflexíveis, as regras, indiscutíveis, e a estrutura segue um modelo tradicional, com papéis predeterminados e a presença do bode expiatório.
Segundo John Bradshaw, há três tipos de família disfuncional: a cultual, a caótica e a corrupta, sendo que cada uma delas se divide em vários subtipos, de acordo com fatores culturais, econômicos, étnicos, religiosos e idiossincrásicos, e graus variados de disfunção. Ressalte-se que as divisões e os tipos não são estanques, pois muitas famílias disfuncionais possuem elementos de todos os tipos.
A família cultual é baseada no poder dos pais sobre os filhos, na imposição da vontade dos pais, na obediência cega, no controle constante, em limites rígidos dentro e fora da família, em deveres, obrigações e auto-sacrifício, em perfeccionismo e culpa.
A família caótica carece de estrutura, por falta de regras ou por possuir regras inconsistentes (por exemplo, pais que pregam uma coisa e fazem outra, confundindo os filhos).
A família corrupta não tem limites morais e nela se verifica abuso físico, psicológico, sexual, negligência de todo tipo, modelo de comportamento impróprio por parte de um dos pais ou de ambos (por exemplo, pai que se gaba de burlar leis, sonegar impostos, maltratar empregados, pessoas de diferente estrato social, de outras etnias ou credos religiosos; mãe excessivamente preocupada com status, bens materiais, aparência física, em detrimento de valores éticos). Nela observa-se um estranho senso de lealdade à família, que permite desrespeitar os que dela não fazem parte, os outros, os estranhos, mas onde há um código de proteção entre os membros.  Este desrespeito inclui trapaça, mentira, agressão física e, em casos graves de psicopatia, morte.
É fácil identificar os tipos de família disfuncional, eles são encontrados no consultório ou na casa vizinha. Às vezes, saltam das páginas de jornal que relatam crimes bárbaros de pais que matam filhos, netos que agridem avós e agressões inaceitáveis contra indivíduos de fora da família. Não que o distúrbio justifique o crime, mas, a cada manchete nova, pergunto-me se algumas destas tragédias não poderiam ter sido evitadas se aquelas pessoas tivessem recebido ajuda psicológica.
Vale lembrar que o desenvolvimento humano não tem fórmulas exatas. Filhos de famílias disfuncionais podem apresentar condutas adaptativas, desenvolver-se de forma ajustada e estabelecer relacionamentos saudáveis. Assim como filhos de famílias sem grandes conflitos podem desenvolver transtornos de conduta. Vários fatores concorrem para a origem dos transtornos psicológicos, como características individuais, incluindo as genéticas, e influências ambientais, mas eles não são determinantes.

Maria Cristina Ramos Britto
Psicóloga com especialização em terapia cognitivo-comportamental
Tel.: (21) 9214-2023
Blog: www.psicologiaevidasaudavel.blogspot.com

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