quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pesquisas sobre os Transtornos Alimentares no Esporte!

A anorexia nervosa e a bulimia nervosa – transtornos da alimentação – tem tido um considerável e crescente cuidado nas duas últimas décadas em decorrência dos altos índices de sua prevalência e das dificuldades associadas ao seu tratamento. Alguns dados alarmantes são confirmados, como: 15% dos pacientes morrem; formas crônicas estão em 25% deles (baixo peso crônico ou exacerbadas flutuações de peso). Complicações metabólicas (desnutrição), seqüelas psicológicas (transtornos de ansiedade ou do humor) e o isolamento social encontram-se em todos os casos.
“A aneroxia nervosa se caracteriza por um jejum espontâneo e auto-imposto, parte de uma busca incansável por emagrecer e pavor de obesidade.” “A bulimia nervosa é formada por episódios repetidos de ingestão compulsiva de grandes quantidades de alimento em períodos curtos de tempo(episódio bulímico), com sensação de perda completa de controle alimentar e esforços para controlar o peso corporal através da provocação de vômitos e do abuso de laxativos” (NUNES, BUENO & NARDI, 2005, p. 159).  Segundos os mesmos autores, os indivíduos que apresentam o transtorno alimentar são patologicamente preocupados com o peso e a forma física, e tem um desejo muito forte de emagrecer, independente do peso que possuem. E a bulimia nervosa pode ser uma síndrome em diversas doenças médicas ou mais um componente da anorexia nervosa.
Se esses transtornos são ameaçadores e tem conseqüências maléficas, para a população em geral, imagina-os estarem presentes em atletas. Levantei alguns estudos já realizados no ambiente esportivo e os citarei a seguir.
O objetivo do presente estudo foi identificar a presença de transtorno do comportamento alimentar (TCA) ou síndromes precursoras e o grau de distorção da imagem corporal em atletas de elite de nado sincronizado. Foram avaliadas 27 atletas de nado sincronizado, sendo 19 da categoria juniores (15,6 ± 0,8 anos) e oito da categoria de seniores (19,0 ± 1,3 anos) que compunham a seleção brasileira na época do estudo (2000). Um grupo de 32 adolescentes não-atletas (15,0 ± 1,6 anos) foi usado para comparação com as atletas. Os procedimentos metodológicos adotados foram: aplicação de três instrumentos de auto-relato, validados: 1) EAT-26 - presença de comportamentos alimentares inadequados; 2) BITE - presença de atitudes sugestivas de bulimia nervosa; e 3) BSQ - insatisfação da auto-imagem corporal. Embora tanto o grupo de atletas, quanto o de não-atletas tenham apresentado parâmetros antropométricos compatíveis com padrões saudáveis para a idade e sexo, os resultados evidenciaram a presença de insatisfação com a auto-imagem corporal e a adoção de práticas patológicas de controle da massa corporal, sobretudo entre atletas da categoria juniores e entre as adolescentes não-atletas. Os resultados encontrados retratam uma tendência mundial de preocupação com a aparência entre adolescentes capaz de levá-las à adoção de condutas não-saudáveis. Essa modalidade é considerada de risco para desenvolvimento de TCA por valorizar, além de outros aspectos, a leveza e beleza de movimentos que, de certa forma, estão associados a baixa massa corporal. (Perini; Vieira; Vigário; Oliveira;Ornellas;de Oliveira, 2009).
Avaliar a presença de comportamentos bulímicos e sua intensidade entre atletas adolescentes do sexo feminino corredoras de fundo foi o objetivo deste estudo. De um total de 40 atletas adolescentes (16±1,8 ano), registradas na Federação de Atletismo do Rio de Janeiro, foram estudadas 17 meninas corredoras de fundo. O instrumento utilizado para investigar comportamentos bulímicos e sua gravidade foi o BITE (Bulimic Investigatory of Edinburg), um questionário auto-aplicável, em sua versão em português. Os resultados apontaram que 35,6% das atletas (N=6) apresentavam escores acima do limite de normalidade (=10) e 29,4% (N=5) padrão não usual (entre 10 e 19). Foi detectado um caso com escore superior a 20, indicando presença do problema. No que se refere à gravidade, valores acima de 5 na escala de gravidade do BITE foram considerados significativos, totalizando na amostra apenas um caso. Tendo em vista a detecção de padrões não usuais e mesmo um caso de maior gravidade indicado pelo alto escore encontrado, tornam-se necessários estudos mais abrangentes junto ao segmento focalizado, de modo a subsidiar medidas preventivas. Os resultados indicam, ainda, a necessidade de alertar e informar familiares e profissionais envolvidos no trabalho junto a essas adolescentes sobre o perigo potencial dos comportamentos identificados (Bosia & de Oliveira, 2004).
O objetivo deste estudo foi investigar a ocorrência de distúrbios de atitudes alimentares e sua relação com a distorção da auto-imagem corporal em atletas de judô do estado do Paraná. Foram sujeitos 101 atletas, sendo 71 participantes do JOJUP’s (42 masculino e 29 feminino) e 30 participantes do JAP’s (18 masculino e 12 feminino). Como instrumentos utilizou-se o EAT-26 e o BSQ. Em relação aos distúrbios de atitudes alimentares as judocas-JOJUP´s, apresentaram maior probabilidade de desenvolver distúrbios de atitudes alimentares. Com relação à distorção na imagem corporal, as judocas-JOJUP´s apresentaram pontuação mais elevada sendo sete casos de distorção leve, seis casos de distorção moderada e três de grau grave. Ocorreram diferenças estatisticamente significativas tanto para a presença de distúrbios de atitudes alimentares quanto na distorção de auto-imagem corporal entre o gênero. Foram evidenciadas correlações estatisticamente significativas entre distúrbios de atitudes alimentares e distorção de auto-imagem na categoria JOJUP’s masculino e quando os judocas foram agrupados independente da categoria ou gênero (Vieira; de Oliveira; Vieira; Vissoci; Hoshino; Fernandes, 2006).
O atleta tem no corpo o seu instrumento de trabalho, por isso muitas vezes a exigência de ter um corpo e peso ideal pode levá-lo, em especial, nas modalidades nas quais o peso é fundamental, por exemplo, essas citadas nos estudos (nado sincronizado, atletismo e judô) a desenvolver os transtornos alimentares. As pesquisas no esporte confirmam a maior frequência ocorrida em mulheres, são 20 vezes mais do que nos homens e quanto ao início se dar nesse período relacionado à adolescência. Portanto, é imprescindível que os familiares e a comissão técnica que trabalha diariamente com os atletas, estar atenta aos possíveis sintomas, para caso seja observado algum característico, buscar o tratamento multidisciplinar necessário, pois vários são os fatores envolvidos na gênese desses transtornos, sejam eles: biológicos, genéticos, psicológicos e ambientais.

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